sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A tristeza em pé - Tati Bernardi

Tem sempre aquela pessoa que vai te falar: mas você tem as duas pernas, garota! Tem também as variações das duas pernas: os pais vivos, pelo menos dois paus na conta bancária, dois olhos perfeitos, dois ouvidos sem defeitos, essas coisas.

No Brasil não tem terremotos. Pelo menos não em São Paulo. Pelo menos não em Perdizes. Tem buracos que engolem pessoas perto da Ed. Abril e tem aviões que matam duas centenas de pessoas. Mas eu não tive nenhum conhecido, amigo ou parente que tenha morrido em nenhum desses acidentes.

Se você me vir por aí, buscando um pão quente ali na padoca da esquina ou comprando uma pacotinho de absorvente na farmácia do outro lado da rua, certamente pensaria: lá vai uma garota com as duas pernas, os dois olhos, os dois ouvidos, pelo menos uns dois paus na conta bancária, os pais vivos e nenhuma catástrofe significativa pesando em seus dois ombros perfeitos. Ou não pensaria nada porque nada em mim grita. Não tenho motivos para gritar.

Lá vai mais uma garota de pé. Sem motivos óbvios ou convincentes para se contorcer de dor por aí. Ou sem nenhuma justificativa para se encolher, desistir, correr de quatro, se esconder em cantos, colar a testa na parede e querer que o mundo vire para o lado até as paredes virarem chãos. Eu sou só uma garota com a vida boa e, por isso, uma garota que segue a vida em pé. Seria até um pecado não dar valor a vida, não é mesmo? Com tanta gente pior por aí, não é mesmo? Seria um pecado não ser absolutamente feliz. E sorrir o tempo todo. E seguir a vida em pé.

E hoje tava o maior sol. E sol me deixa triste. Porque o sol sempre quer dizer que a vida só está uma merda por culpa sua. Afinal, a parte dele, ele ta fazendo. Lá no céu, iluminando tudo, deixando tudo dourado. A culpa do seu dia estar um verdadeiro lixo é única e exclusivamente sua, porque o dia só quis ajudar. E a vida poderia estar realmente maravilhosa.

Poderia se ao invés de estar nesse parque nojento com meninas barrigudas correndo e gritado “o peixe ta morrido, o peixe ta morrido” eu estivesse numa praia deserta tomando água de côco com um tipo inteligente, bom de cama e apaixonado. Mas praias desertas são como esse tipo inteligente, bom de cama e apaixonado. Logo enchem.

Depois eu voltei do supermercado cheia de sacolas e umas das sacolas, muito pesada, fez um vergão no meu braço. E o que isso tem de triste? Sei lá, mas eu fiquei triste pra cacete. E o gordo do meu prédio que deixa a esteira completamente melada de suor me deprime demais, demais. E a tia com pernas de frango assado que divide a vaga do estacionamento comigo, e tem uma bosta de um Ka roxo sempre sem gasolina, me deprime mais ainda. E o prédio de trás, com seus pagodes dominicais? Me deprime tanto que eu gostaria que assassinato não desse cadeia. Eu gostaria de explodir todos eles. E depois dormir em paz. Mas eu não durmo em paz nunca, mesmo quando estou dormindo em paz. Eu acordo e penso “olha, estou dormindo em paz”. Isso definitivamente não é dormir em paz! E quando vou ver, lá estou eu mais uma vez, dobrando esquinas, cruzando ruas, fazendo curvas, dando setas, entrando em lugares, me despedindo, saindo do banho, dando a descarga, abrindo a geladeira, mudando o canal. Sempre de pé. Absolutamente triste e de pé. Eu e minha tristeza em pé.

E então minha mãe me conta da sua dor ou doença da semana. E me faz uma lista de todas as pessoas que podem ser responsáveis por sua morte anunciada há mil anos. O chefe arrogante, a empregada burra, o vizinho barulhento, a telemarketing robótica, o moço da feira, a menina da unha. E eu quero matar todo mundo. Mas eu sei que já estive nessa lista vez ou outra. E então eu também quero me matar. E meu pai me fala o quanto acredita que a vida é uma grande merda. E que ele espera a hora que a vida acabe. E então minha mãe faz pipoca doce e meu pai parcela mais um aparato eletrônico em doze vezes. E eles já não sofrem mais e não culpam ninguém. E eu também já não sofro mais e nem me culpo. E tudo passa por um tempo e vamos sorrir, vamos ao cinema, vamos dormir depois do almoço do domingo. E daqui uns dias vamos caminhar por aí, com a nossa dor sem motivos. E, principalmente por isso, uma dor filha da puta. E vamos em frente. Eretos com nossa tristeza. Porque a alegria sempre carrega essa certeza de que a alegria é falsa. E a tristeza sempre volta, ainda mais em pé que a gente. Sobre a nossa cabeça. Tirando sarro da nossa ilusão.

E o único jeito de ser mais malandro que a tristeza é sendo cínico. E lá vai a garota. Comprar pão quente com seu cinismo. Comprar absorvente com seu cinismo. Amar com seu cinismo. Porque só o cinismo vence a tristeza. Porque só o cinismo é mais triste do que a tristeza.

E eu virei um muro alto feito de pedras cheias de pontas. Tudo isso só porque eu quero tanto um pouco de carinho que acabei ficando com medo de não ganhar. E coitada da moça da padaria e do moço da farmácia. Porque lá vai uma garota trator. Sempre de pé, carregando seu corpo sempre no chão. Sempre com pressa, pressa de acabar logo com tudo. Para poder deitar um pouco. Para poder dividir a tristeza com a gravidade. Para parar de fingir que tudo bem andar por aí carregando essa merda dessa tristeza. Sempre de pé. Afinal, seria um pecado não ser absolutamente feliz, com tanta gente pior por aí, não é mesmo?

Eu não consigo simplesmente deixar morrer e nascer de novo. Porque todos os dias eu nasço de novo, com a esperança que a tristeza fique na outra vida. Mas a tristeza nasce comigo. E nós saímos para trabalhar, comprar pão ou sonhar em explodir o prédio do pagode. Sempre de pé. Somos dois animais de pé. Um ao lado do outro. Dentro do outro. Em cima do outro. Mas sempre juntos. Mesmo quando a alegria ocupa todos os espaços. Ainda assim a tristeza está lá, disfarçada de alegria. E a ausência da tristeza é apenas uma linha de trem. Anunciando que o trem existe, só saiu por um tempo. Daqui a pouco ele volta, maquinando, bufando e atropelando minha cabeça. E o trem corre deitado, mas eu sigo em pé. Afinal, seria um absurdo uma menina com uma vida tão boa não seguir assim.

E nunca ninguém desceu do morro em bando para me matar. Mas eu sinto a morte me sufocando quando vou da Barra para a Zona Sul. E nunca ninguém botou uma arma na minha boca no farol da Henrique Schaumann. Mas eu sinto um gosto de pólvora misturado a lanche de restos mortos quando passo em frente ao Big X Picanha. E nunca ninguém me odiou ao ponto de me matar, mas eu me sinto morta todas as vezes que alguém deixa de me amar. E eu não estava naquele avião e nem naquele buraco. E nem tem terremotos na minha cidade. Mas nem por isso eu me sinto voando. Mas nem por isso eu deixo de sentir a terra em cima da minha cabeça. Tudo a minha volta treme e chacoalha mais que aquele brinquedo Samba no parquinho. De quando eu era criança e tinha medo de vomitar. E eu não comi nada estragado e nem estou ajoelhada no bidê. Eu nem tenho bidê. Mas sinto a eminência de uma ânsia podre e de joelhos o tempo todo. E definitivamente a minha vida não é uma merda. Mas a verdade é que eu sinto o cheiro da bosta mesmo assim.

E eu continuo andando por aí, em pé com minha tristeza. Mas minha sombra está de lado, deitada no chão. Talvez porque assim esteja minha alma. Talvez porque isso seja viver, para quem é de verdade, para quem pensa um pouco, para quem sente um pouco, para quem lê jornal de manhã. Talvez apenas porque é meio dia.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

8 meses.

247 dias quebrando paradigmas... rs

Te amo muito, Nah.
Você é tudo pra mim!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Blanco - Octávio Paz

Me vejo no que vejo
Como entrar por meus olhos
Em um olho mais limpido

Me olha o que eu olho
É minha criação
Isto que vejo

Perceber é conceber
Águas de pensamentos
Sou a criatura
Do que vejo

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Erros, erros e erros...

Viajando pelo meu interior pude descobrir o que nesta vida vivi. Quantas coisas lindas e feias, quantos acertos e quantos erros, quantas alegrias e outras tantas tristezas, quantos carinhos e quantos desencontros, quantos momentos de ternura e outros nem tanto. Mas, o mais importante de tudo é que vivi todos estes momentos e pude crescer como ser humano cheio de falhas e virtudes...

Aprendi a respeitar os sentimentos alheios, e que a dor dos outros também nos atinge de alguma forma. Aprendi que não sou o centro do mundo nem o dono da verdade, que estamos nesta passagem terrestre aperfeiçoando nosso interior aprendendo a ser uma pessoa sensata e razoável que saiba discernir o certo do errado e que mesmo quando faz o bem, pode estar ferindo alguém, mas a cada segundo perceber que a cada gesto de carinho, recebo o dobro dele...

Então, desejo que todos tenham uma vida cheia de momentos especiais e que você, como pessoa única, não seja a única neste mundo, saiba dividir o espaço, o amor, o carinho, a fraternidade e, respeitar-se, respeitando o direito do próximo acima de tudo, ser um exemplo a ser seguido. Esqueça as desavenças, o ódio e deixe em seu coração apenas os momentos bons e especiais, retire dele todas as mágoas que ficaram e faça nele uma remodelagem, não maquie o seu interior, seja sempre um veículo de paz, muita paz e muito amor!

(Raphael Palomares)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

No Sufoco - Chuck Palahniuk

Quando se fala do escritor americano Chuck Palahniuk obviamente o que vem à mente é “Clube da Luta”, seu primeiro livro que foi brilhantemente adaptado pelo diretor David Ficnher para o cinema com Brad Pitt e Edward Norton. O resto é história. Mas o humor negro peculiar do autor continuou produzindo boas obras como “No Sufoco” que foi lançado originalmente em 2001 e recebeu tradução pela Rocco aqui no país em 2005.

Chuck Palahniuk possui uma literatura que beira a singularidade, explorando temas do cotidiano que as pessoas em sua maioria não dão atenção, encharcando estes de sarcasmo, violência, escatologia e tragédias que trazem consigo seu humor próprio. O autor que entre outras coisas foi cantor de rap e lutador amador, teve a vida permeada pela morte desde quando seu pai foi assassinado junto com a namorada e traz todas essas situações para a sua forma ácida de escrever.

Não espere na sua literatura personagens bonitinhos e meigos, que você possa enquadrar facilmente como bom ou mau, preto ou branco. Assim é o Victor Mancini, personagem principal do livro aqui em questão, uma espécie de anti herói (mas um anti herói que é ridículo e fácil de ser odiado) que trabalha e comete golpes para manter sua mãe viva (apesar de não saber se quer isso) enquanto tenta curar seu vicio em sexo, se viciando ainda mais.

“No Sufoco” tem uma literatura que descarta grande parte dos moldes comuns, montando um cenário onde o filho tenta salvar a mãe que sempre fudeu com a vida o filho, pois é louca de pedra, enquanto ele dá golpes em restaurantes, trabalha em uma aldeia colonial para turistas com um monte de viciados e visita grupos de sexolátras em busca de recuperação procurando (e encontrando) sexo fácil.

Em alguns momentos as cenas montadas por Chuck Palahniuk até que enjoam um pouco, se repetindo, mas sempre retomam ao seu ritmo perverso, corrosivo e destrutivo. “No Sufoco” é uma grande chance de conhecer um trabalho de um autor que esbanja criatividade e explora temas não comuns de maneira brilhante. Corra atrás.

(Por Adriano Mello)

Estou adorando.

Declaração de amor - Carlos Drummond de Andrade

Minha flor minha flor minha flor. Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro. Minha peônia. Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão. Minha gérbera. Minha clívia. Meu cimbídio. Flor flor flor. Floramarílis. Floranêmona. Florazálea. Clematite minha. Catléia delfínio estrelítzia. Minha hortensegerânea. Ah, meu nenúfar. rododendro e crisântemo e junquilho meus. meu ciclâmen. macieira-minha-do-japão. Calceolária minha. Daliabegônia minha. forsitiaíris tuliparrosa minhas. Violeta... amor-mais-que-perfeito. Minha urze. Meu cravo-pessoal-de-defunto. Minha corola sem cor e nome no chão de minha morte.

rs

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

"Qual a importancia da imagem no mundo contemporâneo"

Preciso fazer essa redação até amanhã. Gente! Faz 14 meses que eu não faço redação alguma, é frustante, esse assunto é tão fácil, tem tanta coisa pra falar mas eu não sei por onde começar.

Não sei escrever! Amor, me ajuda! :'(

PS: Preciso de um cigarro urgente!

Gifs

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Stay in the Shade III

Família: Paris

Cóóóóóólica monstrual

Socorro!

Primeiro dia de aula.

Pois é, hoje foi primeiro dia de aula na facul. Bem, pessoas legais, professores legais, tudo legal. Fiquei encantada com um professor em especial, o maluco-beleza Ghustavo Távora, o Guga, ou como o próprio se chama, um Imaginauta (um projeto que ele tem).

Esse vai ser o blog que eu vou divulgar la, então preparem-se porque eu vou atualizar 80% das vezes agora com fotografias.

Bom começo de semana pra vocês!

Sabrina Schulze

domingo, 10 de fevereiro de 2008

You're gonna save me from myself.

It's not so easy loving me
It gets so complicated
All the things you gotta be
Everything's changing
But you're the truth
I'm amazed by all your patience
Everything I put you through

And when I'm about to fall
Somehow you're always waiting with
Your open arms to catch me
You're gonna save me from myself
From myself, yes
You're gonna save me from myself

My love is tainted by your touch
Well some guys have shown me aces
But you've got that royal flush
I know it's crazy everyday
Well tomorrow may be shaky
But you never turn away

Don't ask me why I'm crying
'Cause when I start to crumble
You know how to keep me smiling
You always save me from myself
From myself, myself
You're gonna save me from myself

I know it's hard, it's hard
But you've broken all my walls
You've been my strength, so strong
And don't ask me why I love you

It's obvious your tenderness
Is what I need to make me
A better woman to myself
To myself, myself
You're gonna save me from myself
Não é tão fácil me amar
Fica tão complicado
Todas as coisas que você tem que ser
Tudo está mudando
Mas você é a verdade
Estou impressionada com toda sua paciência
Tudo que eu te faço suportar

Quando estou prestes a cair
De alguma forma você sempre está me esperando
Com os braços abertos para me segurar
Você vai me salvar de mim mesma
De mim mesma, sim
Você vai me salvar de mim mesma

Meu amor está maculado pelo seu toque
Alguns rapazes me mostraram cartas
Mas você tem o verdadeiro trunfo
Eu sei que todo dia é uma loucura
Bem, o amanhã talvez seja turbulento
Mas você nunca disistirá

Não me pergunte por que eu estou chorando
Porque quando eu começo a desmoronar
Você sabe como me manter sorrindo
Você sempre me salva de mim mesma
De mim mesma, mim mesma
Você irá me salvar de mim mesma

Eu sei que é difícil, é difícil
Mas você rompeu todas as minhas barreiras
Você tem sido minha força, tão forte
E não me pergunte por que eu te amo

É óbvio que a sua ternura
É o que eu preciso para me tornar
Uma mulher melhor
Para mim mesma, mim mesma
Você irá me salvar de mim mesma

(Christina Aguilera - Save me from myself)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

I've had enough of vacation!

Não aguento mais ficar sem fazer NADA! Serio, estou a 13 meses sem estudar. Não consigo sair, não consigo beber, não consigo me divertir, mas também não aguento mais ficar em casa. Está batendo um desespero, eu olho pra essas paredes e elas me deixam enjoada da minha vida.

Acho que preciso conhecer pessoas novas, fazer novos amigos. Preciso ver gente nova, pra conversar. Preciso estudar!

Nunca pensei que chegaria a dizer isso mas:
Chega de férias!

E também estou morrendo de saudades do meu amor e isso só ajuda a minha vida ficar monótona.